São peculiares e únicos os atributos cedidos pela participação da família no processo de formação do indivíduo. Os valores humanos formam um construto averiguado tradicionalmente nas pesquisas sobre cultura. Ou seja, aquilo que um humano é reflete em suas gerações posteriores.
Para averiguar o alcance de alguma cultura em outras culturas, nações, instituições, grupos de pessoas e indivíduos não se prescinde abalizar os níveis de análise cultural, grupal e individual originários da família. A família sempre será considerada a base, o alicerce, a construtora imprescindível da personalidade, do caráter, do indivíduo.
Devemos considerar que o contexto familiar é o cenário primário em que o individuo irá atuar, é onde a criança desenvolve sua socialização e desta vai depender o sucesso ou fracasso de seu futuro, podendo inclusive, em sua forma mais grave e de acordo com as experiências vivenciadas, ser fator de predisposição de patologias mentais.
Estudos com interesse em demonstrar o papel da família têm sido foco em várias áreas das ciências, demonstrando, de maneira científica, aquilo já protagonizado desde a formação milenar da família preceituado pelas escrituras sagradas – a Bíblia.
Abaixo relacionamos alguns textos bíblicos que por si só ensinam a convivência, a educação e o relacionamento entre pais e filhos.
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Deuteronômio 6:6-7
“O pai do justo exultará de júbilo; quem tem filho sábio nele se alegra.” Provérbios 23:24
“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles.” Provérbios 22:6
“Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno está com os que o temem, e a sua justiça com os filhos dos seus filhos, com os que guardam a sua aliança e se lembram de obedecer aos seus preceitos.” Salmos 103:17-18
“Pais, não irritem seus filhos, para que eles não se desanimem.” Colossenses 3:21
É de suma importância que os pais entendam sua função de pai e mãe e desempenhe de forma leal e fiel.
Os pais precisam estar atentos quanto ao perigo da negligência na criação dos seus filhos.
Em Salmos 127:3 está escrito que: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.”
Os filhos não são propriedade dos pais, mas de Deus. Eles nos são dados por Deus por um pouco de tempo para que os treinemos para uma vida segundo o propósito de Deus. E para treiná-los é necessário o conhecimento de o quê fazer, como fazer e quando fazer.
E para uma educação orientada é de fundamental importância observar o ciclo familiar em que a família está vivendo. Cada ciclo familiar exige um tratamento ou uma comunicação e educação singulares e que favoreçam o atendimento das reais necessidades da família. A família vivencia basicamente os seguintes ciclos: Pré-nupcial, Recém-casados, Lar com filhos pequenos, Lar com filhos na pré-escola e no ensino fundamental, Lar com filhos no ensino médio, Lar com filhos na faculdade ou filhos casando-se, Lar com Pais aposentados e filhos casados ou morando em outro local, Lar com casal idoso. Mais abaixo falaremos sobre cada um desses tópicos.
Em nossa jornada como pais, temos aprendido lições diárias de relacionamento intrafamiliar. Intrafamiliar é o termo que nomeia aquilo que se passa ou se dá no interior do grupo familiar.
Temos três filhos: Matheus (13 anos), Filipe (2 anos) e Rafael (6 meses). É fantástico como eles nos ensinam através de suas personalidades e estilo comportamental em desenvolvimento.
Matheus é chamado por nós de ‘presente precioso’. O próprio significado do seu nome é presente de Deus, e Deus nos presenteia somente com presentes preciosos, bons (“Mas todo bom presente e todo dom perfeito nos vem de Deus, o Criador de toda luz, e que resplandece para sempre sem mudança nem sombra.” Tiago 1:17. O significado do seu nome reflete o que Matheus é para nós. Possui um coração pacificador, é um poeta, um musicista, um conselheiro, um amigo de todas as horas, um líder servidor, é um tesouro precioso. É tão relevante para o sucesso relacional familiar considerarmos todos os membros da nossa família como presentes preciosos de Deus. E quando recebemos um presente valioso nossa atitude imediata é oferecermos todo o zelo, atenção e ações que favoreçam a conservação da vida e da utilidade do presente, não é verdade? A Bíblia também nos orienta que “cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Filipenses 2:3
Encontramos palavras apropriadas que traduzem a personalidade e o comportamento do Filipe, são elas: ‘atitude positiva e proativa’. Filipe é um misto de doçura e atitude! A delicadeza de sua cútis alva e a profundidade do azul de seus olhos guardam os traços de sua personalidade em construção: sabe o que quer e nada, nem ninguém o afasta de seu alvo. Resoluto, intrépido e analítico concilia suas experiências junto à natureza, desafia a resistência de seus brinquedos e controla todos os fatos ocorridos à sua volta permitindo-o dar relatório de tudo com apenas dois anos de idade.
A descrição resumida da personalidade do nosso Filipe é tão certa quanto o é a atitude positiva e proativa nos relacionamentos familiares. Faz toda a diferença agir e reagir de forma proativa, ou seja, em favor e não em desfavor. Há pessoas que devido a sua história familiar são carregadas de atitude negativa e reações destrutivas. Atitudes destrutivas levam o relacionamento à falência, fatalmente. Mas uma atitude positiva e proativa produzirá relacionamentos saudáveis, duradouros e felizes. Eu posso ajudar. Eu posso contribuir. Eu posso colaborar. Eu posso tornar-me mais paciente. Eu posso tornar-me mais agradável. Eu posso orar mais. Eu posso fazer batalha espiritual. Eu posso preparar a refeição saudável. Eu posso manter o ambiente físico e emocional clean, limpo. Eu posso confiar. Eu posso esperar um pouco mais. Eu posso abraçar. Eu posso sorrir. Eu posso dar gargalhadas. Eu posso engatinhar, pular e correr com meus pequenos. Eu posso ter um dia de 24 horas preenchido com atividades e manter-me bem-humorado. Eu posso vencer. Eu posso, porque “em Cristo sou mais que vencedor.” Romanos 8:37. Eu posso, porque “tudo posso em Cristo que me fortalece.” Filipenses 4:13.
O bebê Rafael também já nos ofereceu algumas aulas instrutivas através de seu comportamento, revelando-nos sua quietude de alma, singeleza de olhar, sorriso presente, e a expressão que melhor define o nosso pequeno é ‘amor incondicional’.
O amor pode ser descrito de muitas formas e há quem se alimenta apenas do amor emocional. O amor emocional é passageiro. Ele alimenta as emoções temporariamente, só o amor incondicional tem o condão de amar sem a aplicação da condicional ‘se’. Os pais não devem amar os filhos somente ‘se’ estes lhes são obedientes. Os pais devem amar os filhos independentemente do feedback que obtém deles, tendo sempre claro em suas mentes que quando se planta amor, colher-se-á amor e não ódio. Ou seja, se os pais fizerem uma semeadura de boas sementes durante a educação dos filhos, obterão os melhores resultados desse plantio, a colheita será farta e nutritiva.
Muitas pessoas perguntam-nos o que fazer para obter esse amor incondicional e passar a ser doador desse amor. Primeiro, precisamos entender e conhecer o que é o amor incondicional. A fonte desse amor é Deus. E Deus o disponibiliza a todos indistintamente.
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.”1 Coríntios 13:4-8
O amor pode ser descrito de muitas formas diferentes, mas estamos referindo aqui ao amor ágape, o amor incondicional, o amor que define a verdadeira natureza de Deus. O amor ágape é um amor de autonegação, sacrificial e altruísta, conforme Paulo descreve.
O amor no casamento e, também, o amor doado pelos pais aos filhos é mais do que simplesmente um sentimento ou uma emoção; é uma escolha.
O amor é uma decisão que você vê de uma forma nova todos os dias com relação ao seu cônjuge e aos seus filhos.
Para obter esse amor é preciso buscar na Fonte – amando a Deus. Nosso primeiro e principal propósito é amar a Deus. Respondeu Jesus: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”. Mateus 22:37.
- O primeiro pré-requisito para amar a Deus é conhecê-Lo pela fé.
- A verdadeira adoração sempre é uma entrega e uma expressão de amor a Deus.
- Parte do nosso amor a Deus é manter nossa “conexão” com Ele.
- Permanecer em Cristo é essencial para a troca de amor entre Deus e nós.
- Conhecer a Deus é o ponto de partida para todo o verdadeiro conhecimento.
- Um modo de amar a Deus é dedicar um tempo e um esforço para conhecê-Lo.
- Amamos a Deus obedecendo-O.
Para doar o amor é imprescindível também amar a si mesmo: “E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.” Mateus 22:39
- Deveríamos amar a nós mesmos, não de forma presunçosa, mas simplesmente por aceitarmos para nós mesmos o valor que o próprio Deus nos dá.
- Somos completa e absolutamente aceitos por Deus.
- Somos novas criaturas em Cristo, amados, aceitos e preciosos no Seu modo de ver.
- Quando nos tornamos crentes, nos convertemos em novas criaturas em Cristo, recriadas à Sua imagem. A imagem de Cristo em nós nunca mudará.
- Todos aqueles que são crentes em Cristo Deus já os aprovou, não carecem da aprovação de mais ninguém.
- Se temos a aprovação de Deus, temos toda a aprovação de que necessitamos.
Amando os filhos:
- Exatamente como o homem espiritual saiu de Deus, assim a mulher saiu do homem. Exatamente como o homem espiritual foi criado para receber corresponder ao amor de Deus, da mesma forma a mulher foi feita para receber e corresponder ao amor do homem e estes fluírem amor aos seus filhos.
- Amar é se comprometer a satisfazer as necessidades dele: alimentação, educação, correção, ensino, lazer, saúde, socialização, dentre outras necessidades ofertando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de respeito, liberdade e de dignidade.
- Amar é se comprometer a satisfazer as necessidades dele: alimentação, educação, correção, ensino, lazer, saúde, socialização, dentre outras necessidades ofertando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de respeito, liberdade e de dignidade.
- Quais linguagens seu filho usa para expressar amor? Como ele prefere receber amor? Se a linguagem de amor dos pais é dar presentes, mas o filho prefere receber amor por meio de tempo de qualidade, todos os presentes do mundo não vão significar tanto para ele quanto passar tempo com você.
- Deus criou seu filho com as capacidades de expressar e receber amor. O papel dos pais não é mudar um filho, mas cooperar com o plano singular de Deus para esse filho. É importante que você receba cada filho como um presente de Deus, que o ame e que o compreenda cada vez mais como um ser único criado por Deus. Os outros aspectos da paternidade dependem de uma compreensão do temperamento singular de cada filho.
Como defensora da família e de seus entes queridos, aconselho todos os pais a conhecerem o teor integral do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente atentando também para suas atualizações legislativas, Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990. Uma boa parte do conteúdo moral do ECA tem como inspiração os princípios da Bíblia Sagrada.
Considerarmos os filhos como prioridades ou tê-los como ‘presentes preciosos’ moldará o próprio EU na busca diária de apresentar-se com uma ‘atitude proativa’ deixando fluir o ‘amor incondicional’ no ambiente do lar. Quando essas três características estão presentes na vida dos pais, “a vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável” encontrará terreno fértil para florescer nos corações dos filhos produzindo seres humanos saudáveis para si mesmos, para a sociedade, para o mundo e principalmente para o Reino de Deus.
(Texto extraído do livro Pais & Filhos – Autora: Dra. Sara Bernardes)
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